terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Figura do Professor Mudou Muito

Figura do Professor Mudou Muito



19/03/07
*Henrique Terroni Filho




Em qualquer atividade, a atuação de quem coordena, orienta, treina e ensina do professor, enfim, é de fundamental importância. De maneira competente, ele deverá transmitir toda a sua experiência para aqueles que estão se iniciando na nova atividade, seja ela qual for.

Em matérias anteriores, abordando outros assuntos, sempre enfatizei a importância do professor de tênis. Desde a iniciação do pretendente a tenista, através do aprendizado básico, passando pelo aperfeiçoamento e culminando com o treinamento para a competição. Seja ela puramente amadora, através de ranking e torneios de fim de semana, até a preparação de jovens que buscam uma profissionalização. Em todo este processo, o papel do professor, técnico ou treinador é fundamental.

O professor é o primeiro contato que o aluno, adulto ou criança, tem com o mundo do tênis. Sua missão, além de ensinar e aperfeiçoar, é muito mais abrangente, pois tem que agir como um motivador, incentivador e, para as crianças, muitas vezes como um educador. Para tanto, não basta ser um bom técnico, apenas preenchendo seu currículo com cursos rápidos aqui e ali. São necessárias outras qualidades, como responsabilidade, maturidade, experiência e, principalmente, respeito ao aluno.

Mas, atualmente, as coisas não são bem assim. Na realidade, a figura do professor de tênis vem se depreciando, já tendo sido muito mais abrangente e importante do que é nos dias de hoje. Para os que estão entrando em contato agora com o tênis, vou dar uma breve idéia do que representava o professor há alguns anos.

Num passado recente, não existiam as Academias. Quem quisesse aprender e jogar tênis necessitava ser sócio de um Clube. Eram nos clubes que estavam os professores. Em torno destes professores gravitava toda a atividade tenística do clube. Geralmente com muitos anos "de casa", muitos já na "meia idade", alguns com alguma formação acadêmica na área de esportes (incipiente para os padrões atuais, é verdade!). Mas todos ex-grandes tenistas, com títulos nacionais, grande experiência em competições e em tudo que se relacionasse com o tênis. Experiência que com dedicação e profissionalismo transmitiam aos alunos.

Além das aulas particulares, tinham a responsabilidade de formar, treinar, inscrever e acompanhar as diversas equipes, masculinas e femininas, de diferentes classes e idades, que defendiam o clube nos importantes torneios interclubes da época. Foram os precursores das primeiras "escolinhas", atuais clínicas, com 20, 30 crianças na quadra, que atentamente ouviam e praticavam seus ensinamentos.

Paralelamente, administravam tecnicamente os Departamentos de Tênis dos Clubes, com 300, 400 tenistas ou mais, promovendo e coordenando torneios internos e abertos, ranking, etc. Responsáveis pela contratação e coordenação do pessoal técnico do Departamento – professores auxiliares, pegadores de bolas e tratadores de quadras. Profundos conhecedores das quadras de saibro (único piso na época) tinham a responsabilidade de construir, reformar e manter as quadras.

Estes eram os professores de tênis. Responsáveis, experientes e dedicados. Todos com grande e rica história no tênis. Pelas mãos destes professores foram formados grandes jogadores, alguns de nível internacional, atuais conceituados treinadores e dirigentes de grandes Academias. Tinham orgulho de serem chamados "professores”.

Deixando as lembranças de lado, voltemos aos dias de hoje. Outro dia, fui a uma academia visitar um amigo. Enquanto aguardava sua chegada, observei dois rapazes jogando. Jovens, na faixa dos 18, 20 anos. Batiam forte, sem técnica, quase nenhuma regularidade. A cada erro, reclamavam em altos brados, batiam a raquete no chão, numa demonstração clara de falta de controle. Quando terminaram, vieram ao encontro e me cumprimentaram. Aproveitei para perguntar:

-"Vocês estão treinando para algum torneio"?

Um deles me respondeu:

-"Vamos jogar um torneio de quinta classe brevemente. Na verdade, somos professores. Damos aulas numa academia próxima. Treinamos aqui, pois o piso é rápido e lá só tem saibro. Agora, temos de sair correndo, pois temos de dar aulas, senão mais uma vez chegaremos atrasados.". E saíram rápidos, cada um rindo dos erros do outro.

Ao me ver só, percebi que as frases daqueles rapazes não me saiam da cabeça: "Somos professores"..."Damos aulas"!

De repente, minhas lembranças voltaram para minha infância. Meu início no tênis. Imediatamente, lembrei-me de meu pai. Meu professor. E outros professores da época. Percebi o quanto o tênis estava mudado.

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hterroni@ig.com.br



Henrique Terroni Filho, 1ª classe da Federação Paulista, participou de competições oficiais nacionais e internacionais até meados de 1970. Professor de tênis para adultos e crianças há 25 anos. Autor do Programa "Tênis: terapia para crianças", em conjunto com psicólogos. Consultor para clubes e academias nas áreas administrativa, financeira e técnica. Formação em Administração de Empresas, pós-graduação em Administração Financeira e Marketing, curso em Psicologia do Esporte.

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