quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Desistir Jamais

DESISTIR JAMAIS



MARCELO TELLA

Este tem que ser o lema de todo tenista: Desistir jamais!


Neste esporte não há lugar para perdedores. Quando eu digo perdedores, não quero dizer jogadores que perdem, pois ”todos os jogadores do planeta”, sem exceção, perdem jogos.

Perdedores são aqueles que desistem de lutar numa partida, quando ainda teriam condições de continuar. Perdedores são aqueles que desistem de seguir a dura rotina de treinos, os alicerces para a formação de um bom jogador. Perdedores são aqueles que não tem disciplina, qualidade indispensável para o sucesso de qualquer ser humano.

Uma partida de tênis só acaba quando o match point é vencido. Enquanto ninguém vencer o match point, tudo pode acontecer.

No tênis, o lado mental é muito forte, sem contar o lado físico que também conta muito. Nós nunca sabemos o que se passa na cabeça ou com o corpo do nosso adversário. Será que ele não vai desistir antes da gente? Será que ele está nervoso? Será que ele vai perder a confiança? Ou será que ele vai ter cãibras? Ter uma contratura muscular? Torcer o pé? Por causa de todas estas possibilidades, desistir jamais!!!

Já presenciei diversas situações que devem ser mencionadas. Era a semi final do Lipton (hoje Masters Series de Miami). A argentina Gabriela Sabatini jogava contra Kimiko Date, do Japão. Gabriela vencia por 6/0 e 5/1 (melhor de 3 sets). Impressionante não? Eu pensava: “Nossa, que ridículo, um ralo desses na semi final de um Masters Series!! E por incrível que pareça, a japonesa não desistiu em nenhum momento. Lutou com todas as forças, salvou 16 match points e virou 7/6 7/6.

No Challenger de BH 2004, o Ricardo Mello estava jogando a 2a rodada contra o israelense Dudi Sela. Ricardo vencia por 5/3, no tie break, do 1o set, quando teve uma contratura muscular nas costas. Chamou o atendimento médico, e achou que seria difícil continuar. Mas desistir jamais!! Voltou, deu sorte e acabou fechando o 1o set. Mal podendo sacar, e se movimentando com muita dificuldade, Ricardo tentou “enrolar” o adversário. E viu que o israelense estava confuso, e muito nervoso. Perdeu o 2o set por 7/6 e depois de um tenso 3o set, acabou vencendo por 7/6. Tenho certeza de que muitos jogadores já teriam abandonado a partida.

Com um bom atendimento médico, as costas foram melhorando e o Ricardo acabou sendo vice-campeão do torneio.

Na final do US Open 2004, Lleyton Hewitt enfrentou Roger Federer. Federer, um dos mais talentosos jogadores de tênis de todos os tempos, estava jogando um tênis inacreditável!! Venceu todas as partidas rumo à final sem dificuldades, e contra Hewitt não foi diferente: venceu por humilhantes 6/0 7/6 6/0. Dois pneus na final de um Grand Slam, com milhões de pessoas assistindo pelo mundo todo! Não seria mais fácil, diante de um obstáculo destes, desistir? Inventar uma contusão para não passar vergonha? De jeito nenhum!! Hewitt mostrou personalidade e deu um show, numa de suas melhores qualidades: desistir jamais! Hewitt, apesar do “massacre”, não desistiu em nenhum momento, lutou com todas as forças até o final da partida, como se fosse o último jogo da sua vida.

Já no aberto de São Paulo 2005, eu comparei o Ricardo Mello ao Rocky Balboa, personagem do filme “Rocky, um lutador”.

Em todas as partidas, ele se recuperou e venceu, levando o título para casa. Na primeira rodada, ele perdeu o 1o set e ainda salvou 2 match points contra Júlio Silva.

Na 2a rodada, perdeu o 1o set por 6/4 e virou 6/3 e 6/4 contra Christian Villagran.

Na 3a rodada, no 1o set, Marcos Daniel tinha 5/4 e saque. O Ricardo quebrou. Depois, Marcos teve 6/5 e saque. O Ricardo quebrou de novo. E depois de ganhar o tie break, o Ricardo teve um 2o set mais tranquilo.

Na semi final, contra o argentino Juan Pablo Brzezicki, o Ricardo estava perdendo por 4/0 no 3o set e acabou vencendo por 6/4 um adversário esgotado.

E na final, contra o equatoriano Giovanni Lapentti, Ricardo perdia o 3o set por 6/5, saque de Lapentti.(um dos pontos fortes de Lapentti é o saque). Mas, desistir jamais! O Ricardo foi à luta, e de 14 pontos disputados neste game, Lapentti encaixou 13 primeiros serviços. Mesmo assim, o Ricardo acabou quebrando o saque de Lapentti, e vencendo o tie break por 7/0. Incrível

Muitos jogadores, diante de situações difíceis, desistem de lutar, usando contusões ou outras desculpas como responsáveis pela derrota. Ganhar jogando bem é fácil!! Quero ver os jogadores arrumarem forças para lutar quando as coisas vão mal... É aí que a gente separa os vencedores dos perdedores.

Então, não só no tênis, mas em qualquer área da nossa vida, desistir jamais!!!


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