sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Tarefa de Ensinar

Luiz Sisto
Tarefa de Ensinar


Fala-se muito sobre qual a atitude correta das pessoas com referência à aprendizagem, mas raramente alguém comenta qualquer coisa a respeito de qual deva ser a maneira do professor executar sua tarefa.

Ensinar tênis não é uma tarefa fácil, se desejar obter resultados. Tem que ser uma pessoa, que o executa com consciência e dando o melhor de si o tempo todo. É um trabalho sério e exaustivo, tanto para os nervos como para o físico e a mente.

Não procure um instrutor de quem você não saiba nada ou um desses profissionais com muita publicidade, mas que nunca jogaram tênis em época alguma de suas vidas.

Um bom professor deve ser capaz de jogar pelo menos o suficiente para poder treinar qualquer um dos seus alunos. Não precisa ser um campeão ou mesmo um tenista de primeira classe, mas deve ser capaz de jogar o suficiente para poder demonstrar os vários golpes a seus alunos e poder conservar a bola em jogo, para treiná-los.

O que um professor realmente bom precisa fazer?

1. Precisa ter conhecimento completo da mecânica de qualquer golpe que ensine.

2. Deve ser capaz de explicá-lo lùcidamente.

3. Deve ser capaz de demonstrá-lo praticamente.

4. Deve ter paciência para repetir a mesma coisa, qualquer número de vezes, até que seja aprendida.

5. Deve ter entusiasmo por seu trabalho, pois somente assim, poderá conservar o interesse do aluno. Se o trabalho o aborrece ou não o interessa, o aluno sente e imediatamente arrefece.

6. Deve ter suficiente interesse pessoal pelos seus alunos, para poder tratar cada um como um indivíduo à parte. Muitos técnicos cometem o erro de quererem fazer todos jogar da mesma maneira. Isso é errado. Cada aluno é um problema individual que deve ser manobrado de acordo com a sua personalidade. Os fundamentos da técnica devem ser ensinados da mesma maneira a todos, mas as características desses fundamentos deverão variar e variarão ligeiramente de pessoa para pessoa.

Luiz Sisto
7. Deve ser capaz de fazer com que a ciência do jogo atinja e desperte o interesse da mente do aluno, de maneira que este saberá o porquê e o como, de sua técnica. Se não o conseguir, seu aluno não será mais que um imitador do seu próprio jogo, sem nada mais por trás.

8. Deve sempre valorizar ao máximo, em tempo e esforço, a paga que está recebendo. Só assim, poderá conservar o entusiasmo e a continuação de aprendizado. Não pode chegar atrasado nas aulas marcadas, nem seu cancelamento sem boas razões. Por outro lado, deve exigir o mesmo dos seus alunos ou não conservará seu respeito.

9. Deve estar sempre pronto e disposto a responder questões sobre o jogo, pois nada mais salutar para um aluno do que a curiosidade que as provoca. Se um professor é muito ocupado ou preguiçoso, para respondê-las, o interesse do aluno se dissipará novamente e mais uma vez se perde um bom predicado.

10. Deve obter resultados tão prontamente, quanto seja possível obtê-los solidamente e, quando chegar à ocasião do aluno continuar por sua própria conta, deve dizer-lhe francamente em vez de ficar “cozinhando-o A melhor propaganda que um técnico pode ter é o jogador dizer: “Veja o que aprendi em dez lições”, se realmente as aproveitou. É muito melhor do que a do aluno que não consegue aprender nada em cinqüenta horas, ainda que este renda muito mais.


A qualidade mais importante que um professor pode ter é a habilidade em conservar o interesse de seus alunos em aprenderem o jogo. O que mais ajuda, é poder transformar o que está sendo transmitido sobre tênis, em termos usados em sua própria atividade. Começam a pensar nele e analisá-los e estabelece-se assim uma espécie de sociedade. A relação não é mais as de aluno e professor, mas, sim, as de duas pessoas tentando resolver junto um problema. Embora o professor forneça o conhecimento técnico e especializado, o trabalho é executado em conjunto. Uma vez que o professor apele pra a inteligência de uma pessoa, ela se sente em igualdade de condições, tornando o trabalho de ambos muito mais fácil.

O único meio de conseguir resultados satisfatórios com um novo aluno é ser completamente franco. Pergunte sempre a uma pessoa na primeira aula, há quanto tempo já joga e onde deseja chegar.

Se estiver realmente começando, diga-lhe francamente que serão necessárias pelo menos vinte lições, antes que ele saiba o suficiente para começar a jogar e que também levarão seis meses até que atinja um ponto em que sinta real prazer em jogar, mas que este prazo é variável e depende grandemente dos seus esforços, durante essas primeiras lições. Qualquer um que prometa resultado mais rápidos do que esses é um otimista, um milagroso ou um mentiroso.

Um professor deve ser completamente sincero e franco com seu aluno a respeito do seu progresso ou da falta do mesmo. Muitos “professores” que não fazem outra coisa senão elogiar alunos que, na verdade, precisam de uma boa chamada de atenção. Tais elogios nada valem. Por outro lado, há o “professor” que não faz outra coisa senão criticar. Este é até pior, porque destrói a moral e a confiança do aluno, especialmente com as crianças, que necessitam encorajamento e elogios, se o merecerem, e que notam quando os mesmos são sinceros. Não hesite em elogiar, mas não admita desinteresse. A única coisa que professor nenhum deve admitir é pouca atenção e esforço.

Ensinar principiantes sempre apresenta um tremendo problema psicológico ao professor. Quase todos os principiantes são muito envergonhados e introvertidos e a primeira grande dificuldade está aí. O professor deve descobrir uma maneira de botar o aluno à vontade e, esquecido de si, interessado em golpear a bola.

Difícil é durante os primeiros dias, quando você precisa estar continuamente corrigindo o fundamental, principalmente mandando conservar os olhos na bola. Você precisa corrigir, os erros de não olhar a bola ou do mal jogo de pés ou da preparação da lenta raquete, “todas às vezes” e não uma vez ou outra. Faze-lo sem irritar o aluno ou sem desconcertá-lo, muitas vezes apresenta problema. Uma vez que você conseguido que o principiante atinja aquele estágio, onde a forma de seus golpes se aproxima de algo bom, seu problema é conseguir controle, estabilizando o movimento. Para conseguir isso, você deve fazer o aluno repetir o golpe vezes e vezes sem conta. Naturalmente, isso é mais ou menos aborrecido, particularmente para os jovens, mas é absolutamente necessário. Quando atingem o ponto onde podem acertar acima de 70%, faço-o experimentar do outro lado. Sempre inicie pelo forehand e a seguir o backhand.


Considere: 60 a 70% = Regular

70 a 80% = Bom

80 a 90% = Muito bom

Acima de 90% = Excelente


Você ficará surpreso com o interesse do aluno em melhorar seu recorde e com os ótimos resultados que você conseguirá com isso.

Depois que ele adquire um controlo razoável, de qualquer parte da quadra, golpeie somente direitas ou esquerdas cruzadas. Como se vê, este tipo de treino é para se adquirir controle, e o aluno já está entrando em uma regular categoria de tênis.

Considere: 10 em seguida - regular

20 em seguida - bom

30 em seguida - muito bom

40 em seguida - excelente

50 em seguida - excepcional


Lembre-se, você está li, não para provar que pode vencê-lo, mas com o único propósito de lhe melhorar o jogo, é para isso que ele o está pagando. O bom professor não pode nunca deixar seu orgulho interferir no trabalho para o qual é pago. Se desejar mostrar sua habilidade, deve fazê-lo em ocasião em que não esteja recebendo dinheiro para determinada tarefa. O profissional tem um importante papel no jogo de tênis de campo.

Extraído, condensado e modificado do livro
“How to Play Better Tennis”
William T. Tilden - 1950


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